(Des)ajustamento psicológico e expressões idiomáticas na adolescência

Contenido principal del artículo

Maria Jõao Carapeto

Resumen

A adolescência é reconhecidamente um período de espantosos avanços desenvolvimentais mas também de algumas vulnerabilidades. Atentas a tal, as sociedades modernas têm vindo a criar serviços para apoio ao desenvolvimento de trajetórias adaptativas na adolescência. Neste sentido, alguns autores têm chamado a atenção para a necessidade de se estabelecerem pontes entre a linguagem de senso comum usada pelos adolescentes quando se referem aos seus problemas de ajustamento psicológico/psicossocial e a linguagem técnica-científica dos profissionais ‘psi’. Neste contexto, os objetivos deste trabalho são os de explorar, em adolescentes e considerando possíveis diferenças de género, a associação entre duas expressões idiomáticas relativas ao ajustamento psicológico comuns em Portugal, “sofrer dos nervos” (SN) e “ter problemas pessoais” (PP), e diversas dimensões de sintomatologia psicológica comuns na literatura científica da saúde mental. Dois instrumentos foram aplicados a uma amostra de alunos do 12º ano em escolas no sul de Portugal: um questionário de dados pessoais, que incluiu dois itens relativos à autoperceção de SN e de PP, e o Inventário de Sintomas Psicopatológicos. Os resultados sugerem que as autoperceções de SN e de PP estão significativamente correlacionadas, e a correlação é especialmente forte no género feminino. Sugerem ainda que, para ambos os géneros, a correlação mais forte de SN é com ansiedade.
Já a autoperceção de PP revela correlações mais fortes com psicoticismo, depressão, ideação paranoide e sensibilidade interpessoal, no género masculino, e, no género feminino, com depressão e ideação paranoide. Finalmente, a ansiedade revelou ser o melhor preditor de SN nos dois géneros, e os melhores preditores de PP são o psicoticismo, nos rapazes, e a ideação paranoide, nas raparigas.
Os resultados são discutidos à luz da literatura sobre (des)ajustamento psicológico na adolescência e expressões idiomáticas de desajustamento.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Detalles del artículo

Cómo citar
Jõao Carapeto, M. (2019). (Des)ajustamento psicológico e expressões idiomáticas na adolescência. Revista INFAD De Psicología. International Journal of Developmental and Educational Psychology., 1(2), 127–136. https://doi.org/10.17060/ijodaep.2019.n2.v1.1681
Sección
Artículos

Citas

Abreu, J. L. P. (2007). Como Tornar-se Doente Mental (17th Ed.). Lisboa, Portugal: D. Quixote.

Alves, F. (2011). A doença mental nem sempre é doença: racionalidades leigas sobre saúde e doença mental. Porto, Portugal: Afrontamento.

American Psychiatric Association (2013). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th Ed.). Washington D.C.: A.P.A.

Antaramian, S. P., Huebner, E. S., Hills, K. J., & Valois, R. F. (2010). A dual factor model of mental health: Toward a more comprehensive understanding of youth functioning. American Journal of Orthopsychiatry, 80(4), 462.

Arnett, J.J. (1999). Adolescent Storm and Stress, Reconsidered. American Psychologist, vol.54, nº 5, 317 – 326.

Caldas de Almeida, J. & Xavier, M., (Coord) (2013). Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental. 1. º Relatório. Lisboa: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa. Available in: http://www.fcm.unl.pt/main/alldoc/galeria_imagens/Relatorio_Estudo_Saude-Mental_2. pdf.

Canavarro, M. C. (2007). Inventario de Sintomas Psicopatologicos: Uma Revisa o critica dos estudos realizados em Portugal. In L. Almeida, M. Simoes, C. Machado e M. Gonalves (Eds.),

Avaliacao psicologica. Instrumentos validados para a populacao portuguesa, vol. III (pp. 305-331). Coimbra: Quarteto Editora.

Carapeto, M. J. & Feixas, G. (2019). Self-knowledge and depressive symptoms in late adolescence: A study using the repertory grid technique. Journal of Constructivist Psychology, 32:1, 81-97.

https://doi.org/10.1080/10720537.2018.1433087

Causadias, J. M. (2013). A roadmap for the integration of culture into developmental psychopathology. Development and Psychopathology, 25(4pt2), 1375-1398.

Chaiton, Contreras, Brunet, Sabiston, O’Loughlin, Low, ... & O’Loughlin (2013). Heterogeneity of depressive symptom trajectories through adolescence: predicting outcomes in young adulthood. Journal of the Canadian Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 22(2), 96.

Cicchetti, D., & Rogosch, F.A. (2002). Developmental Psychopathology Perspective on Adolescence. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 70 (1), 6-20.

Cohen, J. (1988). Statistical power analysis for the behavioral sciences (2nd ed.). Hillsdale, NJ: Erlbaum.

Coleman, J. C. (2011). The nature of adolescence (4th Ed). New York, NY: Psychology Press.

Derogatis, L. (1982). BSI: Brief symptom inventory. Minneapolis. MN: National ComputersSystems.

Garber, J., Weersing, V. R., Hollon, S. D., Porta, G., Clarke, G. N., Dickerson, J. F., ... & Brent, D. A. (2018). Prevention of depression in at-risk adolescents: moderators of long-term response. Prevention Science, 19(1), 6-15.

Hankin, B. L. (2015). Depression from childhood through adolescence: risk mechanisms across multiple systems and levels of analysis. Current Opinion in Psychology, 4, 13–20.

http://dx.doi.org/10.1016/j.copsyc.2015.01.003

Inchley, J., & Currie, D. (2016). Growing up unequal: gender and socioeconomic differences in young people’s health and well-being. Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) study: international report from the 2013/2014 survey. Copenhagen, Denmark: WHO Regional Officece for Europe.

James, S., Fernandes, M., Navara, G. S., Harris, S., & Foster, D. (2009). Problemas de nervos: A multivocal symbol of distress for Portuguese immigrants. Transcultural psychiatry, 46(2), 285-299.

James, S., Slocum, S. L., & Zumbo, B. D. (2004). Measuring agonias among female Portuguese immigrants: construct description and psychometric properties. International Journal of Testing, 4(2), 183-188.

Kaiser, B. N., Haroz, E. E., Kohrt, B. A., Bolton, P. A., Bass, J. K., & Hinton, D. E. (2015). “Thinking too much”: a systematic review of a common idiom of distress. Social Science & Medicine, 147, 170-183.

Nogueira, B. L., Mari, J. D. J., & Razzouk, D. (2015). Culture-bound syndromes in Spanish speaking Latin America: the case of Nervios, Susto and Ataques de Nervios. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), 42(6), 171-178.

Reinherz, H. Z., Paradis, A. D., Giaconia, R. M., Stashwick, C. K., & Fitzmaurice, G. (2003). Childhood and adolescent predictors of major depression in the transition to adulthood. American Journal of Psychiatry, 160(12), 2141-2147.

Smetana, J. G., Robinson, J., & Rote, W. M. (2014). Socialization in adolescence. In J. E. Grusec and P. D. Hastings (Eds.), Handbook of Socialization: Theory and Research (2nd Ed.) (pp. 60-84).

Guilford.World Health Organization (1992). International statistical classification of disease and related health problems, Tenth Revision (ICD-10). Geneva: World Health Organization.

Zahn-Waxler, C., Shirtcliff, E. A., & Marceau, K. (2008). Disorders of childhood and adolescence: Gender and psychopathology. Annual Review of. Clinical Psychology, 4, 275-303. https://doi.org/10.1146/annurev.clinpsy.3.022806.091358