O aliciamento sexual de menores na internet: contributos para o seu conhecimento e prevenção

Contenido principal del artículo

Cristiana Barbosa
Celina Manita

Resumen

A crescente utilização da Internet e de redes sociais por crianças e jovens tem vindo a criar condições para o desenvolvimento de novas modalidades de grooming sexual, um processo facilitador da perpetração de crimes sexuais, na medida em que permite um acesso facilitado a um elevado número de potenciais vítimas, aumenta as oportunidades para o estabelecimento de contactos, quer online quer diretos, e facilita a identificação de vulnerabilidades nos menores. Este é um fenómeno em expansão, tornando-se urgente conhecê-lo, de forma a desenvolver estratégias eficazes de promoção da segurança das crianças e jovens na Internet e evitar danos decorrentes desta forma de abuso. O presente estudo recorreu a uma metodologia qualitativa, utilizando como métodos de recolha de dados a entrevista semiestruturada e a análise documental, submetidos a uma análise de conteúdo, com construção de uma grelha de análise categorial do tipo semântico. A amostra englobou 4 ofensores do sexo masculino, 2 entrevistados face-a-face e 2 envolvidos em diálogos sexualizados mantidos online com menores de idade, e 1 vítima do sexo feminino, também entrevistada. Os resultados permitiram distinguir duas abordagens distintas dos menores - uma muito direta, com a introdução quase imediata de temáticas sexuais, e outra em que o sujeito adota um conjunto de estratégias que têm por base a criação e manutenção de um vínculo relacional, de acordo com os mecanismos considerados centrais no grooming. Enquanto na interação mais direta o ofensor parece aproveitar-se da curiosidade sexual típica do período de desenvolvimento, na segunda abordagem o sujeito recorre ao vínculo relacional para conseguir o envolvimento dos menores e evitar a revelação dos abusos. Apesar de o grooming surgir na literatura como um componente central das interações sexuais online com menores, constatamos neste estudo que ele não é necessário para a efetiva concretização de diferentes tipos de abuso.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Detalles del artículo

Cómo citar
Barbosa, C., & Manita, C. (2019). O aliciamento sexual de menores na internet: contributos para o seu conhecimento e prevenção. Revista INFAD De Psicología. International Journal of Developmental and Educational Psychology., 1(2), 197–202. https://doi.org/10.17060/ijodaep.2019.n2.v1.1688
Sección
Artículos
Biografía del autor/a

Cristiana Barbosa, Universidad de Extremadura

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP)
Gabinete de Estudos e de Atendimento a Agressores e Vítimas (GEAV)

Celina Manita, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) / Gabinete de Estudos e de Atendimento a Agressores e Vítimas (GEAV)

Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) / Gabinete de Estudos e
de Atendimento a Agressores e Vítimas (GEAV)

Citas

Bardin, L. (2011). Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, Lda

Berson, I. R. (2003). Grooming Cybervictims. Journal of School Violence, 2(1), 5-18, doi:10.1300/J202v02n01_02

Black, P. J., Wollis, M., Woodworth, M., & Hancock, J. T. (2015). A linguistic analysis of grooming strategies of online child sex offenders: Implications for our understanding of predatory sexual behavior in an increasingly computer-mediated world. Child Abuse & Neglect, 1-10. http://dx.doi.org/10.1016/j.chiabu.2014.12.004

Branca, C. M., Grangeia, H., & Cruz, O. (2016). Grooming online em Portugal: Um estudo exploratório. Análise Psicológica, 34(3), 249-263. doi:10.14417/ap.978

Briggs, P., Simon, W. T., & Simonsen, S. (2010). An Exploratory Study of Internet-Initiated Sexual Offenses and the Chat Room Sex Offender: Has the Internet Enabled a New Typology of Sex Offender? Sexual Abuse: A Journal of Research and Treatment, 20(10), 1-20. doi:10.1177/1079063210384275

Craven, S., Brown, S., & Gilchrist, E. (2006). Sexual grooming of children: Review of literature and theoretical considerations. Journal of Sexual Aggression, 12 (3), pp. 287-299. doi:10.1080/13552600601069414

Davidson, J., Grove-Hills, J., Bifulco, A., Gottschalk, P., Caretti, V., Pham, T., & Webster, S. (2011). Online abuse: Literature review and policy context. (Project Report) European online grooming project. Retirado de http://www.scotcen.org.uk/media/22523/european-online-grooming-projectliteraturereview.pdf

Kloess, J. A., Hamilton-Giachritsis, C. E., & Beech, A. R. (2017). Offense Processes of Online Sexual Grooming and Abuse of Children Via Internet Communication Platforms. Sexual Abuse 00(0), 1-24, doi: 10.1177/1079063217720927

Kloess, J. A., Seymour-Smith, S., Hamilton-Giachritsis, C. E., Long, M. L., Shipley, D., & Beech, A. R. (2015). A Qualitative Analysis of Offenders’ Modus Operandi in Sexually Exploitative Interactions With Children Online. Sexual Abuse: A Journal of Research and Treatment, 29(6), 1-29. doi: 10.1177/1079063215612442

Malesky, L. J. (2007). Predatory online behavior: modus operandi of convicted sex offenders in identifying potential victims and contacting minors over the internet. Journal Of Child Sexual Abuse, 16(2), 23-32. doi:10.1300/J070v16n02_02

McAlinden, A. M. (2006). ‘‘Setting ‘em up’’: Personal, familial and institutional grooming in the sexual abuse of children. Social and Legal Studies, 15, 339-362. doi:10.1177/0964663906066613

United Nations Children’s Fund. (2017). The State of the World’s Children 2017: Children in a Digital World. Retirado de https://www.unicef.org/publications/index_101992.html

Wachs, S., Wolf, K. D., & Pan, C. (2012). Cybergrooming: Risk factors, coping strategies and associations with cyberbullying. Psicothema, 24(4), 628-633

Webster, S., Davidson, J., Bifulco, A., Gottschalk, P., Caretti, V., Pham, T. … Grove-Hills, J. (2012). European Online Grooming Project Final Report. European Union. http://www.european-onlinegrooming-project.com/

Winters, G. M., & Jeglic, E. L. (2016). Stages of Sexual Grooming: Recognizing Potentially Predatory Behaviors of Child Molesters. Deviant Behavior, 1-10, doi: 10.1080/01639625.2016.1197656

Wolak, J., Finkelhor, D., & Mitchell, K. (2004). Internet-initiated Sex Crimes against Minors: Implications for Prevention Based on Findings from a National Study. Journal of Adolescent Health, 35(5), 11-20. doi:10.1016/j.jadohealth.2004.05.006